Infelizmente, em alguns cultos “evangélicos” dá-se grande enfoque à atuação dos
demônios na vida das pessoas, deixando em segundo plano o louvor e a adoração ao
único que é digno de recebê-los (Ap 4.11). Examinando à Bíblia, entendemos que a
libertação de pessoas endemoninhadas e a manifestação de espíritos malignos na
presença de cristãos era um fator comum decorrente da verdade por Jesus
ensinada, pois não pode haver comunhão entre a luz e as trevas. Não se
determinava um culto periódico específico para tal prática. Surge a questão:
Como deveriam proceder os irmãos da igreja primitiva nas suas reuniões? O
apóstolo Paulo responde: “Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem
doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para
edificação” (1 Co 14.26, grifo do autor). A Palavra de Deus é cristocêntrica.
Cristo é o centro das nossas vidas. Nos cultos, Cristo deve ser o centro das
atenções!
Não há quaisquer possibilidades de um crente genuíno ser
possuído por demônios. O verdadeiro cristão, sal da terra e luz do mundo (Mt
5.13-14), é nascido de Deus (Jo 3.3), e a Ele se sujeita resistindo ao diabo (Tg
4.4) e o maligno não lhe toca (1 Jo 5.18). Não discordamos que crentes
aparentes, disfarçados, fiquem possessos. E, diante disso, é aconselhável que
alguém com o dom específico de discernir espíritos prove se tal pessoa está
realmente endemoninhada.
Essa classe de indivíduos foi comparada por
Jesus com o joio, erva daninha inútil que não serve para qualquer proveito. Tais
pessoas precisam urgentemente da regeneração do Espírito Santo; do contrário,
tendo crescido o joio, deve ser separado do trigo e queimado (Mt 13.24-30).
Existe uma gritante distinção entre a aparência e a essência. O Deus que
servimos olha para dentro (coração), e não para fora (1 Sm
16.7).
Ratificamos a impossibilidade de o crente ser possuído por
demônios com as seguintes considerações:
Somos templo do Espírito Santo e
este, por sua vez, não é um visitante esporádico, antes, é um morador permanente
que não se ausenta de sua morada (1 Co 6.19,20);
Esse glorioso habitante
é zeloso e sente ciúmes de seu santuário (Tg 4.5);
Somos selados com o
Espírito Santo da promessa, o qual é o penhor (garantia) da nossa herança, para
a redenção da possessão adquirida, para o louvor da sua glória (Ef
1.13-14);
Somos um povo especial, propriedade exclusiva de Deus (Tt
2.14,1 Pe 2.9) resgatados por um preço caríssimo (Sl 49.8);
Somos
auxiliados em nossas fraquezas pela incomparável intercessão do Espírito Santo
(Rm 8.26);
Somos mais que vencedores por aquele que nos amou e estamos
certos de que absolutamente nada poderá nos separar desse amor (Rm
8.37-39);
O Senhor guarda a nossa alma contra todo mal (Sl
121.5-7);
Jesus é o valente que venceu e expulsou Satanás das nossas
vidas, tirando-lhe toda a sua armadura, repartindo os seus despojos (Lc
11.21-22);
Se formos infiéis, Ele permanece fiel, pois não pode negar-se
a si próprio (2 Tm 2.13).
A soberania de Jesus sobre os
demônios
A possessão demoníaca é uma enfermidade espiritual que pode,
às vezes, exteriorizar uma doença física. A Bíblia diz que o Cordeiro de Deus
“verdadeiramente tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou
sobre si” (Is 53.4).
O fariseu Nicodemos reconheceu que Jesus era mestre
vindo de Deus por meio de seus singulares prodígios e grande parte desses
prodígios estavam relacionados a curas de enfermidades. Em muitos casos, essas
enfermidades eram frutos de possessões demoníacas. “E, tendo chegado a tarde,
quando já estava se pondo o sol, trouxeram-lhe todos os que se achavam enfermos
e os endemoninhados. E curou muitos que se achavam enfermos de diversas
enfermidades e expulsou muitos demônios, porém não deixava falar os demônios,
porque o conheciam” (Mc 1.34, grifo do autor).
Acontecimentos como esses
foram comuns em seu ministério. Certa vez, Jesus curou um mudo e endemoninhado:
“E expulsou o demônio, falou o mudo e a multidão se maravilhou dizendo: Nunca
tal se viu em Israel” (Mt 9.33). Houve também algumas mulheres que foram
libertas pelo seu poder: “e também algumas mulheres que haviam sido curadas de
espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram
sete demônios” (Mt 8.3; Mc 16.9).
Lembramos também do relato histórico de
um homem, gadareno, que era possuído por demônios. Não andava vestido, habitava
nos sepulcros, era muitas vezes aprisionado com grilhões e cadeias e as prisões
eram por ele quebradas; temível, era considerado um monstro na sociedade da
época. Seríamos capazes de avaliar o rebuliço e a insegurança que causava a
todos os moradores da cidade?
O texto diz que repreendida por Jesus, a
legião se prostrou diante dele: “E, quando viu a Jesus, prostrou-se diante dele,
exclamando, e dizendo com alta voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus
Altíssimo? Peço-te que não me atormentes” (Lc 8.28). Os de demônios chegaram a
suplicar-lhe que não os mandasse para um abismo próximo, sendo a eles concedido
que entrassem numa vara de porcos que naquele momento pastava no local. O
resultado foi glorioso: “Os habitantes da cidade acharam o homem de quem haviam
saído os demônios, vestido, e em juízo, assentado aos pés de Jesus; e temeram”
(Lc 8.35, grifo do autor).
Jesus sempre demonstrou sua soberania diante
dos demônios, porém houve um caso em que seus discípulos não conseguiram expelir
uma legião de demônios devido ao maior grau de resistência dessa legião e a
falta de fé revelada pelos discípulos: “e trouxe-o (lunático) os teus discípulos
e não puderam curá-lo. Então repreendeu Jesus o demônio, que saiu dele; e desde
aquela hora o menino sarou. Jesus explicou: Esta casta de demônios não se
expulsa senão pela oração e pelo jejum” (Mt 17. 16,18,
21).
Absolutamente, não é de qualquer maneira que podemos enfrentar os
inimigos das nossas almas. Veja Efésios 6.10-18.
O aparente fracasso dos
discípulos causou-lhes desapontamento. Contudo, noutra passagem podemos
contemplá-los cheio de alegria pelo fato de terem os demônios sujeitado-se à
autoridade de Jesus a eles conferida (Lc 10.17). Nada era fruto da capacidade
humana: “Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e toda força
do inimigo, e nada vos fará dano algum” (Lc 10.19, grifo do autor).
O
mundo jaz no maligno, o deus deste século (2 Co 4.4). Ele tem sob seus domínios
os reinos deste mundo (Lc 4.4). O confronto de poderes, luz versus trevas, é
inevitável. A Bíblia declara que a vitória é certa (1 Jo 4.4).
Estejamos
sempre prontos para este combate como bons soldados de Cristo, lembrando que o
maior motivo da nossa alegria não é a sujeição dos demônios, mas, antes, por
estar o nosso nome escrito no livro dos céus (Lc 10.20). Devemos sempre tributar
adoração àquele que recebeu todo o poder no céu e na terra (Mt 28.18) e se
revelou para desfazer as obras do diabo (1 Jo 3.8).
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