A Constituição Dogmática sobre Revelação Divina, o Concílio Vaticano II,
declarou que “Ela (a igreja) sempre considerou as Escrituras junto com a
tradição sagrada como a regra suprema de fé, e sempre as considerará
assim”.
Nós, cristãos evangélicos, rejeitamos a tradição como regra de
fé. Quando a Igreja Católica Romana se refere ao cânon do Velho Testamento
inclui uma série de livros chamados “Apócrifos”, os quais não aparecem nas
versões evangélica e hebraica da Bíblia. O resultado disto foi que, na opinião
popular dos católicos, existem duas Bíblias: uma católica e outra protestante.
Mas semelhante asseveração não é certa. Só existe uma Bíblia, uma Palavra
(escrita) de Deus.
Apócrifos, o que significa?
No grego
clássico, a palavra apocrypha significava “oculto” ou “difícil de entender”.
Posteriormente, tomou o sentido de “esotérico” ou algo que só os iniciados podem
entender; não os de fora. Na época de Irineu e de Jerônimo (séculos III e IV), o
termo apocrypha veio a ser aplicado aos livros não-canônicos do Antigo
Testamento, mesmo aos que foram classificados previamente como
“pseudepígrafos”.
Como os apócrifos foram aprovados
A
Igreja Romana aprovou os apócrifos em 8 de Abril de 1546 para combater a Reforma
protestante. Nessa época, os protestantes se opunham violentamente às doutrinas
romanistas do purgatório, oração pelos mortos, salvação pelas obras etc. A
primeira edição da Bíblia católico-romana com os apócrifos deu-se em 1592, com
autorização do papa Clemente VIII.
Os reformadores protestantes
publicaram a Bíblia com os apócrifos, colocando-os entre o Antigo e o Novo
Testamentos, não como livros inspirados, mas bons para a leitura e de valor
literário histórico. Isto continuou até 1629. A famosa versão inglesa King James
(Versão do Rei Tiago) de 1611 ainda os trouxe. Mas, após 1629, as igrejas
reformadas excluíram totalmente os apócrifos das suas edições da Bíblia, e
“induziram a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, sob pressão do
puritanismo escocês, a declarar que não editaria Bíblias que tivessem os
apócrifos, e de não colaborar com outras sociedades que incluíssem esses livros
em suas edições”. Melhor assim. Tinham em vista evitar confusão entre o povo
simples, que nem sempre sabe discernir entre um livro canônico e um apócrifo.
Há várias razões porque rejeitamos os apócrifos. Eis algumas
delas:
Não temos nenhum registro de alguma controvérsia entre Jesus e os
judeus sobre a extensão do cânon. Jesus e os autores do Novo Testamento citam,
mais de 295 vezes, várias partes das Escrituras do Antigo Testamento como
palavras autorizadas por Deus, mas nem uma vez sequer mencionam alguma
declaração extraída dos livros apócrifos ou qualquer outro escrito como se
tivesse autoridade divina.
Historicidade
A conquista da
Palestina por Alexandre, o Grande, ocasionou uma nova dispersão dos judeus por
todo o império greco-macedônico. Morrendo Alexandre, seu domínio dividiu-se em
quatro ramos, ficando o Egito sob a dinastia dos Ptolomeus. O segundo deles,
Ptolomeu Filadelfo, preocupou-se em enriquecer a famosa biblioteca que seu pai
havia fundado. Muitos livros foram traduzidos para o grego. Segundo um relato de
Josefo, o sumo sacerdote de Jerusalém, Eleazar, enviou, a pedido de Ptolomeu
Filadelfo, uma embaixada de 72 tradutores a Alexandria, com um valioso
manuscrito do Velho Testamento, do qual traduziram o Pentateuco. A tradução
continuou depois, não se completando senão no ano 150 antes de
Cristo.
Essa tradução, que se conhece com o nome de Septuaginta ou Versão
dos Setenta, foi aceita pelo Sinédrio judaico de Alexandria; mas, não havendo
tanto zelo ali como na Palestina e devido às tendências helenistas
contemporâneas, os tradutores alexandrinos fizeram adições e alterações e,
finalmente, sete dos livros apócrifos foram acrescentados ao texto grego como
apêndice do Velho Testamento. Mas os judeus da Palestina nunca os aceitaram no
cânon de seus livros sagrados.
Depois de referir-se aos cinco livros de
Moisés, aos treze livros dos profetas e aos demais escritos (os quais “incluem
hinos a Deus e conselhos pelos quais os homens podem pautar suas vidas”), ele
continua afirmando: “Desde Artaxerxes (sucessor de Xerxes) até nossos dias, tudo
tem sido registrado, mas não tem sido considerado digno de tanto crédito quanto
aquilo que precedeu a esta época, visto que a sucessão dos profetas cessou. Mas
a fé que depositamos em nossos próprios escritos é percebida através de nossa
conduta; pois, apesar de ter-se passado tanto tempo, ninguém jamais ousou
acrescentar coisa alguma a eles, nem tirar deles coisa alguma, nem alterar neles
qualquer coisa que seja”.
Testemunho dos pais da
Igreja
ORÍGENES: No terceiro século a.D., Orígenes (que morreu em
254) deixou um catálogo de vinte e dois livros do Antigo Testamento, preservado
na História Eclesiástica de Eusébio, VI: 25. Inclui a mesma lista do cânone de
vinte e dois livros de Josefo (e do Texto Massorético), inclusive Ester, mas
nenhum dos apócrifos é declarado canônico, e se diz explicitamente que os livros
de Macabeus estão “fora desses [livros canônicos]”.
TERTULIANO:
Tertuliano (160-250 d.C.) era aproximadamente contemporâneo de Orígenes. Declara
que os livros canônicos são vinte e quatro.
HILÁRIO: Hilário de Poitiers
(305-366) os menciona como sendo vinte e dois.
ATANÁSIO: De modo
semelhante, em 367 d.C., o grande líder da igreja, Atanásio, bispo de
Alexandria, escreveu sua Carta Pascal e alistou todos os livros do nosso atual
cânon do Novo Testamento e do Antigo Testamento, exceto Ester.
JERÔNIMO:
Jerônimo (340-420. a.D.) fez a seguinte citação: “Este prólogo, como vanguarda,
com capacete das Escrituras, pode ser aplicado a todos os livros que traduzimos
do hebraico para o latim, de tal maneira que possamos saber que tudo quanto é
separado destes deve ser colocado entre os apócrifos. Portanto, a sabedoria
comumente chamada de Salomão, o livro de Jesus, filho de Siraque, e Judite e
Tobias e o Pastor (supõe-se que seja o Pastor de Hermas), não fazem parte do
cânon. Descobri o Primeiro Livro de Macabeus em hebraico; o Segundo foi escrito
em grego, conforme testifica sua própria linguagem”.
MELITO: A mais
antiga lista cristã dos livros do Antigo Testamento que existe hoje é a de
Melito, bispo de Sardes, que escreveu em cerca de 170 d.C.
“Quando
cheguei ao Oriente e encontrei-me no lugar em que essas coisas foram proclamadas
e feitas, e conheci com precisão os livros do Antigo Testamento, avaliei os
fatos e os enviei a ti. São estes os seus nomes: cinco livros de Moisés,
Gênesis, Êxodo, Números, Levítico, Deuteronômio, Josué, filho de Num, Juízes,
Rute, quatro livros dos Reinos, os dois livros de Crônicas, os Salmos de Davi,
os Provérbios de Salomão e sua Sabedoria, Eclesiastes, o Cântico dos Cânticos,
Jó, os profetas Isaías, Jeremias, os doze num único livro, Daniel, Ezequiel,
Esdras”.
É digno de nota que Melito não menciona aqui nenhum livro dos
apócrifos, mas inclui todos os nossos atuais livros do Antigo Testamento, exceto
Ester. Mas as autoridades católicas passam por cima de todos esses testemunhos
para manter, em sua teimosia, os apócrifos!
As heresias dos
apócrifos
TOBIAS - (200 a.C.) - É uma história novelística sobre a
bondade de Tobiel (pai de Tobias) e alguns milagres preparados pelo anjo
Rafael.
Apresenta:
• justificação pelas obras – 4.7-11; 12.8.
•
mediação dos Santos – 12.12
• superstições – 6.5, 7-9,19
• um anjo engana
Tobias e o ensina a mentir – 5.16 a 19
JUDITE - (150 a.C.) É a história
de uma heroína viúva e formosa que salva sua cidade enganando um general inimigo
e decapitando-o. Grande heresia é a própria história onde os fins justificam os
meios.
BARUQUE - (100 a.D.) - Apresenta-se como sendo escrito por
Baruque, o cronista do profeta Jeremias, numa exortação aos judeus quando da
destruição de Jerusalém. Mas é de data muito posterior, quando da segunda
destruição de Jerusalém, no pós-Cristo.
Traz, entre outras coisas, a
intercessão pelos mortos – 3.4.
ECLESIÁSTICO - (180 a.C.) - É muito
semelhante ao livro de Provérbios, não fosse as tantas heresias:
•
justificação pelas obras – 3.33, 34.
• trato cruel aos escravos – 33.26 e 30;
42.1 e 5.
• incentiva o ódio aos samaritanos – 50.27 e 28
SABEDORIA DE
SALOMÃO - (40 a.D.) - Livro escrito com finalidade exclusiva de lutar contra a
incredulidade e idolatria do epicurismo (filosofia grega na era
Cristã).
Apresenta:
• o corpo como prisão da alma – 9.15
•
doutrina estranha sobre a origem e o destino da alma – 8.19 e 20
• salvação
pela sabedoria – 9.19
1 MACABEUS - (100 a.C.) - Descreve a história de
três irmãos da família “Macabeus”, que no chamado período interbíblico (400 a.C.
3 a.D) lutam contra inimigos dos judeus visando a preservação do seu povo e
terra.
2 MACABEUS - (100 a.C.) - Não é a continuação de 1 Macabeus, mas
um relato paralelo, cheio de lendas e prodígios de Judas
Macabeu.
Apresenta:
• a oração pelos mortos – 12.44 - 46
•
culto e missa pelos mortos – 12.43
• o próprio autor não se julga inspirado
–15.38-40; 2.25-27.
• intercessão pelos santos – 7.28 e 15.14
Adições
a Daniel:
Capítulo 13 - A história de Suzana - segundo esta lenda Daniel
salva Suzana num julgamento fictício baseado em falsos
testemunhos.
Capítulo 14 - Bel e o Dragão - Contém histórias sobre a
necessidade da idolatria.
Capítulo 3.24-90 - o cântico dos três jovens na
fornalha.
Lendas, erros e outras heresias:
1. Histórias
fictícias, lendárias e absurdas
- Tobias 6.1-4 - “Partiu, pois, Tobias, e
o cão o seguiu, e parou na primeira pousada junto ao rio Tigre. E saiu a lavar
os pés, e eis que saiu da água um peixe monstruoso para o devorar. À sua vista,
Tobias, espavorido, clamou em alta voz, dizendo: Senhor, ele lançou-se a mim. E
o anjo disse-lhe: Pega-lhe pelas guelras, e puxa-o para ti. Tendo assim feito,
puxou-o para terra, e o começou a palpitar a seus pés”.
2. Erros
históricos e geográficos
Esses livros contêm erros históricos,
geográficos e cronológicos, além de doutrinas obviamente heréticas; eles até
aconselham atos imorais (Judite 9.10,13). Os erros dos apócrifos são
freqüentemente apontados em obras de autoridade reconhecida. Por exemplo: o
erudito bíblico DL René Paehe comenta: “Exceto no caso de determinada informação
histórica interessante (especialmente em 1 Macabeus) e alguns belos pensamentos
morais (por exemplo, Sabedoria de Salomão). Tobias contém certos erros
históricos e geográficos, tais como a suposição de que Senaqueribe era filho de
Salmaneser (1.15) em vez de Sargão II, e que Nínive foi tomada por Nabucodonosor
e por Assuero (14.15) em vez de Nabopolassar e por Ciáxares... Judite não pode
ser histórico porque contém erros evidentes... [Em 2 Macabeus]. Há também
numerosas desordens e discrepâncias em assuntos cronológicos, históricos e
numéricos, os quais refletem ignorância ou confusão.”
3. Ensinam artes
mágicas ou de feitiçaria como método de exorcismo
Tobias 6.5-9 - “Então
disse o anjo: Tira as entranhas a esse peixe, e guarda, porque estas coisas te
serão úteis. Feito isto, assou Tobias parte de sua carne, e levaram-na consigo
para o caminho; salgaram o resto, para que lhes bastassem até que chegassem a
Ragés, cidade dos Medos. Então Tobias perguntou ao anjo e disse-lhe: Irmão
Azarias, suplico-lhe que me digas de que remédio servirá estas partes do peixe,
que tu me mandaste guardar: E o anjo, respondendo, disse-lhe: Se tu puseres um
pedacinho do seu coração sobre brasas acesas, o seu fumo afugenta toda a casta
de demônios, tanto do homem como da mulher, de sorte que não tornam mais a
chegar a eles. E o fel é bom para untar os olhos que têm algumas névoas, e
sararão”.
Este ensino de que o coração de um peixe tem poder para
expulsar toda espécie de demônios contradiz tudo o que a Bíblia diz sobre
superstição.
4. Ensinam que esmolas e boas obras limpam os pecados e
salvam a alma
a) Tobias 12.8, 9 - “É boa a oração acompanhada do jejum,
dar esmola vale mais do que juntar tesouros de ouro; porque a esmola livra da
morte (eterna), e é a que apaga os pecados, e faz encontrar a misericórdia e a
vida eterna”.
b) Eclesiástico 3.33 - “A água apaga o fogo ardente, e a
esmola resiste aos pecados”.
A salvação por obras destrói todo o valor da
obra vicária de Cristo em favor do pecador.
5. Ensinam o perdão dos
pecados através das orações
Eclesiástico 3.4 - “O que ama a Deus
implorará o perdão dos seus pecados, e se absterá de tornar a cair neles, e será
ouvido na sua oração de todos os dias”.
O perdão dos pecados não está
baseado na oração que se faz pedindo o perdão, não é fé na oração, e sim fé
naquele que perdoa o pecado.
6. Ensinam a oração pelos mortos
2
Macabeus 12.43-46 - “e tendo feito uma coleta, mandou 12 mil dracmas de prata a
Jerusalém, para serem oferecidas em sacrifícios pelos pecados dos mortos,
sentindo bem e religiosamente a ressurreição (porque, se ele não esperasse que
os que tinham sido mortos, haviam um dia de ressuscitar, teria por uma coisa
supérflua e vã orar pelos defuntos); e porque ele considerava que aos que tinham
falecido na piedade estava reservada uma grandíssima misericórdia. É, pois, um
santo e salutar pensamento orar pelos mortos, para que sejam livres dos seus
pecados”.
É nesse texto de um livro não canônico que a Igreja Católica
Romana baseia sua doutrina do purgatório.
7. Ensinam a existência de um
lugar chamado purgatório
Sabedoria 3.1-4 - “As almas dos justos estão na
mão de Deus, e não os tocará o tormento da morte. Pareceu aos olhos dos
insensatos que morriam; e a sua saída deste mundo foi considerada como uma
aflição, e a sua separação de nós como um extermínio; mas eles estão em paz (no
céu). E, se eles sofreram tormentos diante dos homens, a sua esperança está
cheia de imortalidade”.
A Igreja Católica baseia a doutrina do purgatório
na última parte desse texto. Afirmam os católicos que o tormento em que o justo
está é o purgatório que o purifica para entrar na imortalidade. Isto é uma
deturpação do próprio texto do livro apócrifo.
8. Tobias
5.15-19
“E o anjo disse-lhe: Eu o conduzirei e to reconduzirei. Tobias
respondeu: Peço-te que me digas de que família e de que tribo és tu? O anjo
Rafael disse-lhe: Procuras saber a família do mercenário, ou o mesmo mercenário
que vá com teu filho? Mas para que te não ponhas em cuidados, eu sou Azarias,
filho do grande Ananias. E Tobias respondeu-lhe: Tu és de uma ilustre família.
Mas peço-te que te não ofendas por eu desejar conhecer a tua geração”.
Um
anjo de Deus não poderia mentir sobre a sua identidade sem violar a própria lei
santa de Deus. Todos os anjos de Deus foram verdadeiros quando lhes perguntado a
sua identidade. Veja Lucac 1.19.
Decisão polêmica e eivada de
preconceito
Resumindo todos esses argumentos, essa postura afirma que
o amplo emprego dos livros apócrifos por parte dos cristãos desde os tempos mais
primitivos é evidência de sua aceitação pelo povo de Deus. Essa longa tradição
culminou no reconhecimento oficial desses livros, no Concílio de Trento, como se
tivessem sido inspirados por Deus. Mesmo não-católicos, até o presente momento,
conferem aos livros apócrifos uma categoria de paracanônicos, o que se deduz do
lugar que lhes dão em suas Bíblias e em suas igrejas.
O cânon do Antigo
Testamento até a época de Neemias compreendia 22 (ou 24) livros em hebraico,
que, nas Bíblias dos cristãos, seriam 39, como já se verificara por volta do
século IV a.C. Foram os livros chamados apócrifos, escritos depois dessa época,
que obtiveram grande circulação entre os cristãos, por causa da influência da
tradução grega de Alexandria. Visto que alguns dos primeiros pais da igreja, de
modo especial no Ocidente, mencionaram esses livros em seus escritos, a igreja
(em grande parte por influência de Agostinho) deu-lhes uso mais amplo e
eclesiástico. No entanto, até a época da Reforma esses livros não eram
considerados canônicos. A canonização que receberam no Concílio de Trento não
recebeu o apoio da história. A decisão desse Concílio foi polêmica e eivada de
preconceito.
Que os livros apócrifos, seja qual for o valor devocional ou
eclesiástico que tiverem, não são canônicos, o que se comprova pelos seguintes
fatos:
1. A comunidade judaica jamais os aceitou como
canônicos.
2. Não foram aceitos por Jesus, nem pelos autores do Novo
Testamento.
3. A maior parte dos primeiros grandes pais da igreja
rejeitou sua canonicidade.
4. Nenhum concílio da igreja os considerou
canônicos senão no final do século IV.
5. Jerônimo, o grande especialista
bíblico e tradutor da Vulgata, rejeitou fortemente os livros
apócrifos.
6. Muitos estudiosos católicos romanos, ainda ao longo da
Reforma, rejeitaram os livros apócrifos.
7. Nenhuma igreja ortodoxa
grega, anglicana ou protestante, até a presente data, reconheceu os apócrifos
como inspirados e canônicos, no sentido integral dessas palavras.
Em
virtude desses fatos importantíssimos, torna-se absolutamente necessário que os
cristãos de hoje jamais usem os livros apócrifos como se fossem Palavra de Deus,
nem os citem em apoio autorizado a qualquer doutrina cristã. Com efeito, quando
examinados segundo os critérios elevados de canonicidade estabelecidos,
verificamos que aos livros apócrifos faltam:
1. Os apócrifos não
reivindicam ser proféticos.
2. Não detêm a autoridade de Deus. O prólogo
do livro apócrifo Eclesiástico (180 a.C.) diz: “Muitos e excelentes ensinamentos
nos foram transmitidos pela Lei, pelos profetas, e por outros escritores que
vieram depois deles, o que torna Israel digno de louvor por sua doutrina e sua
sabedoria, visto não somente os autores destes discursos tiveram de ser
instruídos, também os próprios estrangeiros se podem tomar (por meio deles)
muito hábeis, tanto para falar como para escrever. Por isso, Jesus, meu avô,
depois de se ter aplicado com grande cuidado à leitura da Lei, dos profetas e
dos outros livros que nossos pais nos legaram, quis também escrever alguma coisa
acerca da doutrina e sabedoria... Eu vos exorto, pois, a ver com benevolência, e
a empreender esta leitura com uma atenção particular e a perdoar-nos, se algumas
vezes parecer que, ao reproduzir este retrato da soberania, somos incapazes de
dar o sentido (claro) das expressões”. Este prólogo é um auto-reconhecimento da
falibilidade humana. (grifo acrescentado)
Diante de tudo isso,
perguntamos: “Merecem confiança os livros Apócrifos?” A resposta obvia é:
NÃO!
Natureza e número dos apócrifos do Antigo
Testamento
Há quinze livros chamados apócrifos (quatorze, se a
Epístola de Jeremias se unir a Baruque, como ocorre nas versões católicas de
Douai). Com exceção de 2 Esdras, esses livros preenchem a lacuna existente entre
Malaquias e Mateus e compreendem especificamente dois ou três séculos antes de
Cristo.
Significado das palavras cânon e canônico
CÂNON -
(de origem semítica, na língua hebraica “qãneh” em Ez 40.3; e no grego: “kanón”,
em Gl 6.16") tem sido traduzido em nossas versões em português como “regra”,
“norma”. Literalmente, significa vara ou instrumento de medir.
CANÔNICO -
Que está de acordo com o cânon. Em relação aos 66 livros da Bíblia hebraica e
evangélica.
Significado da palavra
Pseudoepígrafado
Literalmente significa “escritos falsos” - Os
apócrifos não são necessariamente escritos falsos, mas, sim, não-canônicos,
embora também contenham ensinos errados ou hereges.
Diferença entre as
Bíblias hebraicas, protestantes e católicas
1. Bíblia hebraica [a
Bíblia dos judeus]
a) Contém somente os 39 livros do VT
b)
Rejeita os 27 do NT como inspirado, assim como rejeitou Cristo.
c) Não
aceita os livros apócrifos incluídos na Vulgata (versão Católica
Romana).
2. Bíblia protestante
a) Aceita os 39 livros do VT
e também os 27 do N.T.
b) Rejeita os livros apócrifos incluídos na
Vulgata, como não canônicos.
3. Bíblia católica
a) Contém
os 39 livros do VT e os 27 do N.T.
b) Inclui, na versão Vulgata, os
livros apócrifos ou não canônicos que são: Tobias, Judite, Sabedoria,
Eclesiástico, Baruque, 1º e 2º de Macabeus, seis capítulos e dez versículos
acrescentados no livro de Ester e dois capítulos de Daniel.
A seguir, a
lista dos que se encontravam na Septuaginta:
1. 3 Esdras
2. 4
Esdras
3. Oração de Azarias
4. Tobias
5. Adições a
Ester
6. A Sabedoria de Salomão
7. Eclesiástico (Também chamado de
Sabedoria de Jesus, filho de Siraque).
8. Baruque
9. A Carta de
Jeremias
10. Os acréscimos de Daniel
11. A Oração de
Manassés
12. 1 Macabeus
13. 2 Macabeus
14. Judite
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