O Inciso VI, do artigo 5º da Constituição Federal reza o seguinte: “é inviolável
a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e
suas liturgias”.
O ensino brasileiro tem explorado em nossas escolas
(públicas e/ou particulares) as muitas manifestações folclóricas do nosso povo,
inserindo-as em seus calendários de atividades com o respeitável propósito de
auxiliar a definição da verdadeira identidade brasileira. Nosso país, em virtude
de seu passado histórico, absorveu diversas culturas e costumes, fato que nos
tornou conhecidos como “um país de muitas caras”. Desde que conquistamos a
independência de Portugal estamos lutando para nos descobrirmos. E um dos meios
eficazes para atingir esse objetivo é justamente a avaliação acurada das vastas
e peculiares manifestações populares.
Naturalmente, as festas juninas
fazem parte das manifestações populares mais praticadas no Brasil, e todas as
considerações sobre essas comemorações exigem uma análise equilibrada, pois há
um limite entre o folclore e a religião, visto que esta quase sempre acaba
mesclando-se com as tradições. E é justamente o que propomos neste artigo: uma
avaliação equilibrada. Afinal, será que temos maturidade espiritual para
delinear as fronteiras entre o que é folclore e o que é religião?
Uma
herança portuguesa
A palavra folclore é formada dos termos ingleses
folk (gente) e lore (sabedoria popular ou tradição) e significa “o conjunto das
tradições, conhecimentos ou crenças populares expressas em provérbios, contos ou
canções; ou estudo e conhecimento das tradições de um povo, expressas em suas
lendas, crenças, canções e costumes”.
Como é do conhecimento geral, fomos
descobertos pelos portugueses, povo de crença reconhecidamente católica. Suas
tradições religiosas foram por nós herdadas e facilmente se incorporaram em
nossas terras, conservando seu aspecto folclórico. Sob essa base é que as
instituições educacionais promovem, em nome do ensino, as festividades juninas,
expressão que carrega consigo muito mais do que uma simples relação entre a
festa e o mês de sua realização. Entretanto, convém ressaltar a coerente
distância existente entre as finalidades educacionais e as religiosas. Além
disso, não podemos nos esquecer de que o teor de tais festas oscila de região
para região do país, especialmente no Norte e no Nordeste, onde o misticismo
católico é mais acentuado.
As origens dessa comemoração remontam à
antiguidade, quando se prestava culto à deusa Juno da mitologia romana. Os
festejos em homenagem a essa deusa eram denominados “junônias”. Daí o atual nome
“festas juninas”.1
As primeiras referências às festas de São João no
Brasil datam de 1603 e foram registradas pelo frade Vicente do Salvador, que se
referiu aos nativos que aqui estavam da seguinte forma: “os índios acudiam a
todos os festejos dos portugueses com muita vontade, porque são muito amigos de
novidade, como no dia de São João Batista, por causa das fogueiras e
capelas”.2
A origem das festividades
Para as crianças
católicas, a explicação para tais festividades é tirada da Bíblia com acréscimos
mitológicos. Os católicos descrevem o seguinte:
“Nossa Senhora e Santa
Isabel eram muito amigas. Por esse motivo, costumavam visitar-se com freqüência,
afinal de contas amigos de verdade costumam conversar bastante. Um dia, Santa
Isabel foi à casa de Nossa Senhora para contar uma novidade: estava esperando um
bebê ao qual daria o nome de João Batista. Ela estava muito feliz por isso! Mas
naquele tempo, sem muitas opções de comunicação, Nossa Senhora queria saber de
que forma seria informada sobre o nascimento do pequeno João Batista. Não havia
correio, telefone, muito menos Internet. Assim, Santa Isabel combinou que
acenderia uma fogueira bem grande que pudesse ser vista à distância. Combinou
com Nossa Senhora que mandaria erguer um grande mastro com uma boneca sobre ele.
O tempo passou e, do jeitinho que combinaram, Santa Isabel fez. Lá de longe
Nossa Senhora avistou o sinal de fumaça, logo depois viu a fogueira. Ela sorriu
e compreendeu a mensagem. Foi visitar a amiga e a encontrou com um belo bebê nos
braços, era dia 24 de junho. Começou, então, a ser festejado São João com
mastro, fogueira e outras coisas bonitas, como foguetes, danças e muito
mais!”3
Como podemos ver, a forma como é descrita a origem das festas
juninas é extremamente pueril, justamente para que alcance as
crianças.
As comemorações do dia de São João Batista, realizadas em 24 de
junho, deram origem ao ciclo festivo conhecido como festas juninas. Cada dia do
ano é dedicado a um dos santos canonizados pela Igreja Católica. Como o número
de santos é maior do que o número de dias do ano, criou-se então o dia de “Todos
os Santos”, comemorado em 1 de novembro. Mas alguns santos são mais
reverenciados do que outros. Assim, no mês de junho são celebrados, ao lado de
São João Batista, dois outros santos: Santo Antônio, cujas festividades
acontecem no dia 13, e São Pedro, no dia 24.
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