A o falar do valor da alma, acima do valor do corpo, Jesus declarou: “E não
temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele que
pode fazer perecer no inferno a alma e corpo” (Mt 10.28).
Ora, se devemos
ter cuidado com o nosso corpo, procurando sempre, quando enfermos, o melhor
médico de que dispomos, não deveríamos, com muito mais atenção, cuidar da nossa
alma que sobrevive à morte do corpo? Mas não é isso que tem acontecido. A
maioria das pessoas não se importa com o que possa acontecer com a sua alma
depois da morte. Assim, adotam certas crenças que as levarão a perder suas almas
e seus corpos na geena eterna (Ap 20.15).
Evocação de
mortos
Uma prática muito difundida no Brasil é a mediunidade, ou
seja, a suposta comunicação entre mortos e vivos por meio de um médium. Essa
doutrina é ensinada por Allan Kardec, conhecido como o codificador do
Espiritismo. Os que não admitem essa doutrina declaram que, na verdade, não se
trata de espíritos de mortos que se comunicam com os médiuns, mas, sim,
espíritos demoníacos que se manifestam nas sessões em que se evocam os
espíritos.
Allan Kardec explica como se dá a evocação dos mortos: “Em
nome de Deus Todo-Poderoso, peço ao espírito de tal que se comunique comigo; ou,
então, peço a Deus Todo-Poderoso permitir ao espírito de tal comunicar-se
comigo... Não é menos necessário que as primeiras perguntas sejam concebidas de
tal forma que a resposta seja simplesmente sim ou não, como, por exemplo: ‘Estás
aí?’, ‘Queres responder-me?’, ‘Podes me fazer escrever?’” etc.1
Quem é
quem?
Um grande problema aflige os espíritas: é possível identificar
os espíritos que baixam nas sessões, evocados em nome de Deus? São eles
realmente os espíritos das pessoas evocadas? Allan Kardec reconhece esse
problema de grande importância para a validade da evocação. E declara: “O ponto
essencial temos dito: saber a quem nos dirigimos2”.
“O ponto essencial” é
identificar o espírito que fala pelo médium. Diz mais Allan Kardec: “A
identidade constitui uma das grandes dificuldades do espiritismo prático. É
impossível, com freqüência, esclarecê-la, especialmente quando são espíritos
superiores antigos em relação à nossa época. Entre aqueles que se manifestam,
muitos não têm nome conhecido para nós, e, a fim de fixar nossa atenção, podem
assumir o nome de um espírito conhecido que pertence à mesma categoria. Assim,
se um espírito se comunica com o nome de São Pedro, por exemplo, não há mais
nada que prove que seja exatamente o apóstolo desse nome. Pode ser um espírito
do mesmo nível por ele enviado 3 ” (grifo nosso).
Assim, fica claro que
não se pode identificar o espírito que se manifesta para dar notícias ou
instruções.
Kardec pergunta e os espíritos respondem:
“Os
espíritos protetores que tomam nomes conhecidos são sempre e realmente os
portadores de tais nomes?”. “Não. São espíritos que lhes são simpáticos e que
muitas vezes vêm por ordem destes 4”.
Então, como fica uma pessoa
convidada pelos espíritas e levada pela saudade que vai ao centro para ter
notícias de seu falecido parente, por exemplo, um pai, uma mãe, irmão ou irmã? E
o problema não é só esse. Ainda que o médium seja uma pessoa honesta e digna de
toda confiança, quem pode afirmar com segurança que tal espírito que se
manifesta por meio dele é o da pessoa evocada? Como julgar se um espírito é
fulano ou beltrano, como diz ser? Pode ser que sim, pode ser que não, mas também
pode ser um espírito substituto.
Allan Kardec reconhece a dificuldade e
desabafa:
“A questão da identidade dos espíritos é uma das mais
controvertidas, mesmo entre os adeptos do espiritismo; é que, com efeito, os
espíritos não nos trazem nenhum documento de identificação e sabe-se com que
facilidade alguns dentre eles assumem nomes de empréstimos 5 ” (grifo
nosso).
Pode-se confiar nos médiuns?
Allan Kardec declara
que é duvidoso crer na honestidade dos médiuns, o que aumenta ainda mais o
problema para aqueles que admitem que ele existe. “Os médiuns de mais altos
merecimentos não estão isentos das mistificações dos espíritos mentirosos. Em
primeiro lugar, porque nenhum médium é suficientemente perfeito para não
apresentar ponto vulnerável que pode dar acesso aos maus espíritos
6”.
Espíritos levianos
O problema fica mais grave ainda
quando as seguintes palavras de Kardec são levadas em consideração: “Esses
espíritos levianos pululam ao nosso redor, e aproveitam todas as ocasiões para
se imiscuírem nas comunicações; a verdade é a menor de suas preocupações, eis
porque eles sentem um prazer maligno em mistificar aqueles que têm fraqueza, e
algumas vezes a presunção de acreditar neles, sem discussão7” (grifo
nosso).
Apreciemos mais um problema levantado por Kardec: “Um fato que a
observação demonstrou e os próprios espíritos confirmam é o de que os espíritos
inferiores com freqüência usurpam nomes conhecidos e respeitados. Quem pode,
assim, garantir que os que dizem ter sido, por exemplo, Sócrates, Júlio César,
Carlos Magno, Fenelon, Napoleão, Washington etc., tenham de fato animado essas
personalidades? Tal dúvida existe até entre alguns fervorosos adeptos da
doutrina espírita, os quais admitem a intervenção e a manifestação dos
espíritos, porém indagam como pode ser comprovada sua identidade8” (grifo
nosso).
As aparências enganam
De fato, os espíritos que se
manifestam nas sessões espíritas se apresentam sob a aparência de espíritos
puros, iluminados, “com linguagem digna, nobre, repassada da mais alta
moralidade” e para enganar, como admite o próprio Kardec:
“É extremamente
fácil diferenciar os bons dos maus espíritos. Os espíritos superiores usam com
freqüência linguagem digna, nobre, repassada da mais alta moralidade, isenta de
qualquer paixão inferior, a mais pura sabedoria transparece dos seus conselhos,
que visam sempre o nosso aperfeiçoamento e o bem da humanidade. Há falsários no
mundo dos espíritos como neste; não é, portanto, senão uma presunção de
identidade que só adquire valor pelas circunstâncias que a acompanharam... Para
aqueles que ousam perjurar em nome de Deus, falsificar uma assinatura, um sinal
material qualquer não pode oferecer-lhe obstáculo maior. A melhor de todas as
provas de identidade está na linguagem e nas circunstâncias fortuitas9” (grifo
nosso).
Repete Allan Kardec:
“Pode-se colocar como regra
invariável e sem exceções que a linguagem dos espíritos é sempre proporcional ao
grau de sua elevação10”.
Kardec se torna tão específico que chega a
admitir que se um espírito pode “falsificar uma assinatura” pode chegar ao
extremo de imitar as próprias expressões de Jesus. “Dir-se-á, sem dúvida, que se
um espírito pode imitar uma assinatura, ele pode igualmente imitar também a
linguagem. Isto é verdadeiro, temos visto os que assumiram afrontosamente o nome
do Cristo e, para melhor enganarem, simulavam o estilo evangélico e
prodigalizavam a torto e a direito estas palavras bem conhecidas: ‘Em verdade,
em verdade, eu vos digo...’. Quantos médiuns tiveram comunicações apócrifas
assinadas por Jesus, Maria ou um santo venerado11” (grifo nosso).
O
cristão e o estado intermediário
Nós evangélicos cremos que a alma
sobrevive e permanece em estado inteligente e consciente no intervalo entre a
morte e a ressurreição do corpo. Entendemos que a alma é uma entidade consciente
e inteligente que habita no corpo e que se separa do corpo por ocasião da morte
física: “E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que
foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E
clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Soberano, não
julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dadas a
cada um compridas vestes brancas, e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco
de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos e seus
irmãos, que haviam de ser mortos, como eles foram” (Ap 6.9-11, ver também Lc
12.4-5 – grifo nosso).
Algumas vezes, as palavras alma e espírito são
empregadas como sinônimas para falar da parte imaterial do homem que sobrevive à
morte da matéria, o corpo. Quando isso acontece, os termos alma e corpo têm o
mesmo sentido. Alguns exemplos bíblicos:
“E o pó volte à terra, como o
era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Ec 12.7).
“E apedrejaram a
Estêvão, que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito” (At
7.59).
Os textos de Eclesiastes 12.7 e Atos 7.59 falam da sobrevivência
do espírito enquanto que Apocalipse 6.9-11 e Lucas 12.4-5 abordam a
sobrevivência da alma como a parte imaterial do homem que sobrevive à morte do
corpo, com consciência e inteligência - o “eu” do ser humano. “Pois qual dos
homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está?” (1Co
2.11). Depois da morte física o cristão vai estar com Cristo no céu.
“Por
isso estamos sempre de bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos no corpo,
vivemos ausentes do Senhor. Mas temos confiança e desejamos antes deixar este
corpo, para habitar com o Senhor” (2Co 5.6-8).
“Porque para mim o viver é
Cristo, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra,
não sei então o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo
desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor” (Fp
1.21-23).
O estado intermediário do incrédulo
O incrédulo
vai para o Seol-Hades (inferno), e lá permanece em estado consciente de
tormento. Hades indica o lugar da alma no intervalo entre a morte do corpo e a
ressurreição do corpo, e aparece dez vezes no Novo Testamento.
“E morreu
também o rico e foi sepultado. E no inferno (Hades), ergueu os olhos, estando em
tormentos, e viu ao longe Abraão e Lázaro no seu seio. E, clamando, disse: Pai
Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro que molhe na água a ponta do
seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse,
porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e
Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado” (Lc
16.22-25).
Seol-Hades indica o lugar da alma, enquanto o corpo vai para a
sepultura (em hebraico, kever, kevurah e, em grego, taphos, mnema e mnemeion).
Geena indica o lugar do corpo e da alma depois da ressurreição do Juízo
final.
“E, se a tua mão te escandalizar, corta-a; melhor é para ti
entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, [geena]
para o fogo que nunca se apaga, onde o seu bicho não morre e o fogo nunca se
apaga” (Mc 9.43).
“Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e
reservar os injustos para o dia do juízo, para serem castigados” (2Pe
2.9).
Espíritos malignos
Se os espíritos dos cristãos
evangélicos vão para o céu (2Co 5.6-8) e os espíritos dos incrédulos, para o
Seol-Hades (inferno), e lá permanecem sem poder sair (Lc 16.24-28), só há uma
alternativa para o que acontece nas sessões espíritas: a presença dos espíritos
malignos! Os espíritas não acreditam em demônios, mas isso não significa que
eles não existem.
“Há demônios, no sentido que se dá a essa palavra? Se
houvesse demônios, seriam obras de Deus. E Deus seria justo e bom, criando seres
infelizes, eternamente votados ao mal?12”.
Nomes e características de
Satanás
O diabo existe! Também existem os demônios que cumprem suas
ordens. A Bíblia mostra a existência e trabalho deles.
Diabo - significa
sedutor, acusador dos irmãos: “E foi precipitado o grande dragão, a antiga
serpente, chamada diabo e Satanás, que engana a todo o mundo; ele foi
precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele” (Ap
12.9).
Satanás - indica que o diabo é inimigo, o grande adversário de
Deus e dos filhos de Deus:
“Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso
adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar”
(1Pe 5.8).
Príncipe deste mundo - Satanás governa os homens e os governos
humanos: “Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o
príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da
desobediência” (Ef 2.2).
Pai da mentira - a mentira é uma de suas
táticas. Não é apenas o mentiroso, mas o pai da mentira: “Vós pertenceis ao
vosso pai, o diabo, e quereis executar o desejo dele. Ele foi homicida desde o
princípio, e não se firmou na verdade, pois não há verdade nele. Quando ele
profere mentira, fala do que lhe é próprio, pois é mentiroso e pai da mentira”
(Jo 8.44).
Anjo de luz - ele se disfarça em anjo de luz por meio de seus
ministros: “E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo
de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da
justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras” (2Co
11.14-15).
A Bíblia proíbe evocação aos mortos
A Bíblia é o
livro, dentre outros, que nos dá a história do espiritismo. Em Êxodo ela mostra
que os antigos egípcios foram praticantes de fenômenos espíritas, quando os
magos foram chamados por Faraó para repetir os milagres operados por Moisés.
Quando Moisés apareceu diante desse monarca com a divina incumbência de tirar o
povo de Israel da escravidão egípcia, os magos repetiram alguns dos milagres de
Moisés (Êx 7.10-12, 8.18).
Mais tarde, já nas portas de Canaã, Deus
advertiu o povo de Israel contra os perigos do ocultismo. A mediunidade, por
exemplo, era uma prática abominável aos seus olhos (Dt 18.9-12). O castigo para
quem desobedecesse aos mandamentos de Deus nesse particular era a
morte:
“Qualquer homem ou mulher que invocar os espíritos dos mortos ou
praticar feitiçarias deverá ser morto a pedradas. Essa pessoa será responsável
pela sua própria morte” (Lv 20.27, ver também Êx 22.18).
A Bíblia também
indica que as pessoas com ligações com espíritos familiares e feiticeiras são
amaldiçoadas por Deus:
“Não procurem a ajuda dos que invocam os espíritos
dos mortos e dos que adivinham o futuro. Isso é pecado e fará que vocês fiquem
impuros” (Lv 19.31).
“Se alguém procurar a ajuda dos que invocam os
espíritos dos mortos e dos que adivinham o futuro, eu ficarei contra essa pessoa
por causa desse pecado e a expulsarei do meio do povo” (Lv 20.6).
O rei
Saul, antes da sua apostasia, quando ainda estava na direção de Deus, baniu os
praticantes de várias modalidades do espiritismo (lSm 28.3-9). Mais tarde, o
reto rei Josias agiu da mesma forma (2Rs 23.24-25). O profeta Isaías também se
dirigiu aos antigos espíritas que vaticinavam para o povo de Israel dizendo-lhes
que essa prática era inútil e detestável aos olhos de Deus:
“Algumas
pessoas vão pedir que vocês consultem os adivinhos e os médiuns, que cochicham e
falam baixinho. Essas pessoas dirão: Precisamos receber mensagens dos espíritos,
precisamos consultar os mortos em favor dos vivos! Mas vocês respondam assim: ‘O
que devemos fazer é consultar a Lei e os ensinamentos de Deus. O que os médiuns
dizem não tem nenhum valor” (Is 8.19-20).
Jesus, a
solução!
Caro leitor, muitos motivos e intenções têm levado as
pessoas a se enveredar pelos caminhos da mediunidade. Quase sempre esse rumo é
tomado pela obsessão da saudade de alguém que partiu deste mundo. Sabemos que é
indescritível a dor causada pela perda de um ente querido e, de fato, a
separação abrupta das pessoas que amamos resiste ao conformismo da situação, mas
não existe solução para esta adversidade no espiritismo.
Jesus é e tem a
solução! Cristo venceu a morte e, por isso, pôde declarar: “Eu sou a
ressurreição e a vida, quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (Jo
11.25).
Para seus seguidores, a morte não é nada mais do que tirar uma
linda flor do deserto e plantá-la no jardim do paraíso. Pense nisso e considere,
ainda, que, além da explícita reprovação bíblica, o próprio mentor do
espiritismo, Allan Kardec, demonstrou a impossibilidade de confiar que os
espíritos, que se manifestam nas sessões espíritas, sejam fulano ou
beltrano.
Não se deixe enganar pela emoção! Não se deixe guiar pelos seus
próprios caminhos! A advertência bíblica é bem oportuna: “Há um caminho que ao
homem parece direito, mas o fim dele sãos os caminhos da morte” (Pv 14.12).
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