O exorcismo, ato de esconjurar ou expelir demônios, é encontrado em várias
passagens bíblicas. Na época em que o cristianismo se expandia, existiam alguns
judeus que praticavam o exorcismo como profissão. Durante os dois anos em que o
apóstolo Paulo esteve na Ásia pregando o evangelho aos judeus e aos gregos,
foram notórias as extraordinárias obras que Deus fez através das suas mãos. Os
seus lenços e aventais eram levados aos enfermos e as enfermidades fugiam dos
doentes; os espíritos malignos saíam. Admirados por tal proeza, “alguns dos
exorcistas judeus ambulantes tentavam invocar o nome do Senhor Jesus sobre os
que tinham espíritos malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus a quem Paulo
prega. E os que faziam isto eram os sete filhos de Ceva, judeu, principal dos
sacerdotes. Respondendo, porém, o espírito maligno disse: “Conheço a Jesus, e
bem sei quem é Paulo; mas vós quem sois? E, saltando neles o homem que tinha o
espírito maligno, e assenhorando-se de todos, pôde mais do que eles; de tal
maneira que, nus e feridos, fugiram daquela casa”.
Por causa desse
acontecimento veio grande temor sobre todos os habitantes de Éfeso, os
feiticeiros queimaram seus livros de magia publicamente, o nome do Senhor Jesus
foi engrandecido e a Palavra de Deus cresceu e prevaleceu poderosamente (At
19.13-20).
No tempo de Jesus não havia muitos critérios para que fosse
atribuída a uma pessoa possessão demoníaca. João Batista, precursor de Jesus,
era tido como possesso: “Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem:
Tem demônio” (Mt 11.18).
Quando Jesus acusou os judeus de procurar
matá-lo, “a multidão respondeu, e disse: Tens demônio; quem procura matar-te?”
(Jo 7.20). Ao discursar sobre a parábola do Bom Pastor que dá a vida pelas suas
ovelhas, as palavras de Cristo causaram divisão entre os judeus: “E muitos deles
diziam: Tem demônio, e está fora de si; por que o ouvis? Diziam outros: Estas
palavras não são de endemoninhado. Pode, porventura, um demônio abrir os olhos
aos cegos? (Jo 10. 20-21).
As fórmulas mágicas de Roma
A
igreja católica romana reivindica, através da autoridade eclesiástica, ser o
canal exclusivo de libertação em casos de possessão demoníaca. No catolicismo,
“o exorcismo propriamente dito é reservado aos sacerdotes especialmente
designados pelo Bispo diocesano” 3. Ninguém pode legitimamente fazer exorcismo
em possessos a não ser que tenha obtido licença especial e expressa do Ordinário
local”4.
Temos na obra “Manual do exorcista” - um pequeno compêndio
elaborado pelo Sumo Pontífice León Magno III - orações contra toda espécie de
encantamentos; de sortilégios a possessões. “Estas preces foram organizadas para
serem entregues ao imperador Carlos Magno, com o intuito de se utilizar no
combate às interferências espirituais malignas que pretendessem envolvê-lo”5.
Segundo o papa, essas orações fariam que o poder do imperador fosse ilimitado na
terra.
Um meio pelo qual se podia valer o exorcista para a realização do
ritual era o uso de água benta salpicada nas partes mais afetadas pelo demônio.
Se o possuído apresentava o perigo de atacar alguém, era amarrado. O ritual
empreendia muitas conjurações, dentre as quais destacamos algumas:
“Deus,
a majestade de Cristo, o Espírito Santo, o Sacramento da cruz, a fé dos
apóstolos Pedro e Paulo e os demais santos, o sangue dos mártires, a intervenção
dos santos e das santas, os mistérios da fé cristã, ordenam-te a obedecer. Saia,
violador da lei; saia, sedutor cheio de astúcia e de engano, inimigo da virtude,
perseguidor dos inocentes, ceda teu espaço, crudelíssimo, cede-o, imundo; cede-o
para Cristo, a quem não pode chegar, pois ele te despojou e te tirou do teu
reino, e te encarcerou depois de tê-lo vencido e atirado para as trevas
exteriores, onde os mortos esperam a ti e os teus companheiros”6.
A
arrogante detenção exclusivista do poder de exorcismo também foi ab-rogada pelos
discípulos íntimos de Jesus, assim relatadas nas palavras de João: “Mestre,
vimos um que em teu nome expulsava demônios, o qual não nos segue; e nós lho
proibimos, porque não nos segue. Jesus, porém, disse não lho proibais; porque
ninguém há que faça milagre em meu nome e possa logo falar mal de mim. Porque
quem não é contra nós, é por nós” (Jo 9.38-40, grifo do autor).
Embora a
autoridade conferida ao exorcista por meio do nome de Jesus seja um notável
sinal de poder, isso não lhe garante entrada no reino de Deus: “Muitos me dirão
naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não
expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes
direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a
iniqüidade” (Mt 7.22-23, grifo do autor).
A autenticidade da libertação
do possesso está fincada na eficácia que há no nome de Jesus, conforme é
inferido nos quatro evangelhos. Jesus nunca ensinou a evocar nomes de santas ou
santos para este propósito. Paulo e Pedro nunca mencionaram nomes de profetas ou
de mártires do Antigo Testamento (Mt 23.37) para obter êxito nos seus
ministérios.
Enfatizamos que é, única e exclusivamente, através do nome
de Jesus que alguém pode ser verdadeiramente livre da opressão diabólica! (Jo
8.32,36; At 16.18). Tão-somente Ele pode aliviar os oprimidos! (Mt 11.28).
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